segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dias dourados

Era metade de novembro. Passou os ultimos três meses na dúvida. Finalmente se decidiu. Calçou os seus chinelos, pegou um ônibus. Três horas depois, volta com cabelo curto e platinado. Agora, estava definitivamente bela. Comprou a passagem e entrou naquele avião levando junto consigo toda sua coragem e toda sua insegurança. Não podia esperar mais, não podia.
Os dias foram dourados e quentes. Verão. Ambiente novo, amor antigo. Resistiu ao tempo, e agora estava concretizado, como foi jurado anos atrás. Olhares, sorrisos e aromas. "- Finalmente". Pensou consigo mesma.
Chegou o dia. Era vez de separação, mas isso não incomodava mais. Havia futuras realizaçoes. "- Dê-me dois meses. Eu te amo, e eu vou voltar!"...


Agora, percebi que não posso continuar esse texto. Não é o certo a se fazer, não é o melhor.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Ser do rio

"...diz que não agüenta mais viver em estado emergencial, o que ela quer agora é entrar no rio, talvez morrer, nem sabe, mas entrar no rio, isto é o que importa... por que agora ela vai tentar apenas ser do rio, este senhor gelado, covenhamos, a quem ela agora se entregará qual espiã de uma outra sorte..."

Foi esse trecho Harmada que me veio na cabeça. Talvez Jõao Gilberto Noll tivesse previsto que eu iria passar por aquela ponte, naquele dia, e pronto, escreveu o livro para que eu lesse e lembrasse justamente dessa parte. E foi como me senti. A ponte nem estava tão bem iluminada assim, e o Capibaribe estava escuro, negro. A vegetação na margem, também escura. Não se sabia onde começava o rio, nem onde terminava a folhagem.
Estávamos silênciosas, quem me acompanhava disse algo, nem lembro o que foi, muito menos o que respondi. Eu não tirava os olhos do rio negro que não conseguia ver, a não ser os reflexos amarelos das luzes fracas dos postes. Procurei a lua no céu, por um segundo achei que a localizando no céu, acharia o reflexo dela na água. Não achei nenhum dos dois. Na verdade, não procurei muito, apenas levantei um pouco a vista, e tornei a atenção para o rio.
Talvez essa fosse minha real vontade, me jogar da ponte, cair no rio e sentir suas àguas negras em todo meu corpo. Tenho essa vontade toda vez que atravesso alguma ponte a pé, mas não passa de um pensamento rápido. Era como se o rio fosse resolver todas minhas angústias, a todos os problemas, a todas as dores de cabeça, a todas as noites sofridas. Mas não, o rio não iria resolver nada. Acabou a ponte. Vou para casa. Daqui até lá, mais nenhuma ponte, mais nenhum rio.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Verbo Ser

Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.

Carlos Drummond de Andrade



Não sou.

sábado, 17 de maio de 2008

Liberdade

Tinha cheiro de mato. Cheiro de terra molhada e orvalho. A cabeça girava, nenhuma imagem realmente nítida se fazia diante de seus olhos e levantou-se mesmo estando tonto. Olhou ao redor. Que lugar seria aquele? Uma floresta? Não sabia. Não tinha a mínima idéia de como havia chegado ali. Sentou-se novamente e se viu sozinho, apenas uma luneta velha enrrolada em farrapos no chão. Quem diabos teria uma luneta? Pior, quem diabos havia estado naquele lugar horroroso para ter esquecido a luneta? Não pensou mais. Estava naquele lugar e sabia que não tinha sido por vontade própria. A dor de cabeça já tinha passado um pouco mais e mesmo assim, quem ligava? Ele não sabia onde estava, mas sabia de uma coisa, queria sair dalí o mais depressa possível. Pegou a luneta. Nem soube por que a pegou, mas achou que lhe podia ser útil.
Queria realmente que horas eram, tinha uns raios de sol mínimos atravessando a copa das arvores. Devia ser manhã. Se perguntou em que saber que horas eram o ajudaria. Desistiu de pensar. Nunca chegava em conclusões concisas. Quanto mais andava, mas se notava perdido. Não havia nada que o ajudasse, nem trilhas, nem pistas, nem passos, nem nada. Depois de um tempo, ele percebeu que estava silencioso demais para uma floresta. Silêncio demais para qualquer coisa. Um silêncio infernal e pertubador.
Logo cenas começam a passar em sua mente. Um quarto, dentro uma cama e um homem deitado nela. O homem não está com uma boa feição. Na verdade, não tem feições visiveis. Ao lado da cama, uma luneta. Era a mesma luneta que tinha achado. Por um segundo, ele acha ser esse homem. Estranho, não se lembra de nada disso. Evita pensar mais uma vez. Continue andando! Disse para si mesmo. Estava exausto, mas havia começado a caminhar a pouco mais de dez minutos pelas suas não confiveis contas.
O silêncio maldito tinha acabado. Ouviu barulho de águas. Logo se viu de frente a um precipicio onde corria um rio com pedras logo abaixo. olhou para o lado e viu uma trilha que daria em algum lugar. Pronto, lembrou-se. A trilha daria na vila onde morava quando criança! Claro! Como pode se esquecer da floresta em que se atrevia a entrar quando não se tinha mais nada a fazer? Na verdade, nunca tinha entrado tão a fundo. E além do mais, não lembrava como tinha chego lá. Não importava. Poderia aproveitar e visitar seus pais, fazia tempo que não os via. A luneta já não estava mais com ele. Perdeu em algum trecho, como já fizeram. O sentimento de liberdade tomou conta de todo ele. Sabia para onde ir agora. Alí estava o fim de seus 10, 20 ou não se sabe quantos minutos de quase desespero. Livre! Gritou. E se atirou do precipício.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Incoerência

Ok, vamos mudar de vida. Frenquentadora diária de academia e uma alimentação saudável. Perderei uns quilos, serei feliz. Mas eu nem fui hoje. Acordei cedo mas não fui. Tô ao menos tentando estudar os movimentos uniformes. É, tenho que aprender física para passar no vestibular. Não consigo muito, entro no messenger que tem apenas uma pessoa online. Ah, pelo menos é uma pessoa boa.
Mas, e se eu não quizesse tudo isso? E se eu não quizesse perder uns quilos, para ficar no padrão? Ou se eu não quisesse ir a uma escola e aprender matérias que odeio e se eu nem quisesse ter um msn? Pessoa diferentes demais, pessoas parecidas demais, que se preocupam com estética, têm um msn com umas trezentas pessoas e procuram estudar para arranjar um bom emprego, constituir uma familia e morrer em paz consigo mesmas. Acho que meu conceito de "estar em paz comigo mesma" é diferente. Diferente demais até para que eu mesma entenda.
Pessoas são contraditórias e como já dizem, "Tudo tende à incoerência". Pessoas são incostantes, e acho que tenho receio delas por isso. Na verdade, tenho receio de quase tudo.
E penso porque diabos quero fazer psicologia. "Ah, tu é meio pertubarda, ai tu vai fazer para se auto entender" é o que uns engraçadinhos dizem. Se eu mesmo afirmo que pessoas são incoerentes, que tenho receio delas, por que tentar estudar algo sobre seus pensamentos?
Bem, eu sou uma pessoa, e eu também sou incoerente.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Personalidade mútipla?

Eu realmente não sei o que as pessoas pensam de mim. E isso me assusta. Não sei como elas acham que eu sou. Se me acham gentil, ou puxa-saco. Introvertida ou com "coitadismo". Mas as vezes parece que poucas me vêem com uma boa imagem, ou algo digno. A maioria vê algo distorcido. Eu nunca vou ser o que elas esperam, por que tentam tanto me moldar? Ninguem leva desaforo para casa, ninguem se adapta à nada/ninguem, ninguem liga para o sentimento dos outros, ninguem se desculpa, ninguem abre mão. Só eu. E eu canso as vezes, mas eu sou fraca. Eu faço papel de boba quantas vezes for nescessário. Eu sou mediadora, eu façoa s pazes, eu me rebaixo, eu me humilho eu me submeto. Na verdade eu nem faço questão, mas eu esperava que fosse recíporoco algumas vezes. Agora chega desse texto idiota, tinha mais para escrever, porém, se alguem dessa maioria lê, vao dizer que estou fazendo papel de coitada, e alem do mais, ninguem merece ficar lendo essas merdas que eu escrevo. E eu prometi a mim mesma que vou ser feliz, depois eu vejo o que eu faço da minha personalidade, se é que alguem consegue realmente mudar a própria personalidade.

Alguem vende personalidade racional por ai?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Verde, vermelho


Verde é a cor das coisas boas. Cor de paz, cor de pureza, cor de bondade. Verde-escuro é uma bondade introvertida, cautelosa, com medo de mágoas. Verde-claro é espôntanea, extrovertida, bondade que exala pelos poros, não quer saber quando, nem a quem, bondade das mais puras.
Vermelho me dá a impressão de algo falso. Algo egoísta, porém tentador. Algo ruim. Me considero uma pessoa ruim e sem méritos algumas vezes. Talvez eu seja um vermelho, talvez por isso eu goste de vermelho. Nem sempre, mas gosto. Seria eu realmente uma pessoa má? Eu só me comporto como a maioria das pessoas se comportam. Eu me comporto e penso de maneira 'normal', como boa parte de gente no mundo. Mas quem disse que as pessoas são boas? Quem disse que pessoas são seres puros e bondosos? Pessoas de cor verde quase não existem mais. A maioria vermelha, uma parte de cor indefinida, mas quase nenhuma verde.
Talvez tenha sido minha culpa. Talvez meus pensamentos conspirararam contra minha "vontade" que na verdade, foi pura racionalidade, não realmente vontade. Pensamento é poder? Nem sempre. Mas se dessa vez meus pensamento realmente foram poder, foi hora em que menos devia ser. Meus pensamentos foram vermelhos demais.
E meus pensamentos verdes? Onde estão? Bem, onde quer que estejam agora, não tenho medo deles. Acho que estão voltando, e que venham com toda essa estória de que pensamento é poder.Os verdes podem se realizar, sem problemas, sem receio de minha parte. E por favor, continuem verdes, não quero me tornar uam pessoa vermelha de novo. Fiquem verdes, nem que seja um verde bem, mas bem claro. Verde muito claro é bondade forçada, falsa. Mas pelo menos ainda é bondade.
Talvez eu nem seja uma pessoa tão vermelha assim. Talvez eu seja um vermelho-esverdiado ou um verde-avermelhado, quem sabe. Talvez eu tenha as duas cores dentro de mim, em um quase equilibrio. É, eu as tenho, mas ainda prefiro ser verde.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Luzes amarelas











Subi no ônibus. Nem olhei na cara do motorista, mas eu não gostava daquele cobrador. Pelo menos hoje ele está simpático. Crianças no ônibus. Junto das crianças uma mulher, se eu não me engano era tia delas e parecia estar dando em cima de um moço dentro do ônibus. Sabia desde o início da semana que esse dia seria especial, poético. Pensava: Ah, quinta-feira terei algo para escrever. Não sei explicar, eu apenas senti isso. O centro da cidade tá mais cheia do que eu imaginava para o feriado. Tenho a impressão de ter visto alguém conhecido no fundo do ônibus, só impressão. Tento ler mas nem consigo. Fecho o livro.
Um restaurante cheio, bem cheio. Shopping aberto, fast food aberto. Muita coisa aberta para ser dia do trabalhador. Uma parede grafitada, bonita. Rio. Rio não, estou quase gargalhando dentro do ônibus. Sensação de liberdade, sensação boa. Posto de gasolina aberto e eu agora, sozinha dentro do ônibus. Sozinha, a sensação de liberdade se transforma num vazio, mas um vazio bom. Sorrio novamente olhando pela janela. Passo pela ponte, e ahco que é a Duarte Coelho. Tá bonita, tá iluminada, luzes amarelas. Eu adoro os rios daqui, adoro as pontes e adoro as luzes amarelas refletindo na água à noite. O Capibaribe é grande. Recife antigo, as ruas estreitas e mal iluminadas.
O ônibus para no terminal e eu continuo sorrindo. O cobrador fala que o onibus tem 5 minutos para ficar no terminal. 5 minutos sem sorriso no rosto e sem luzes amarelas. Vou chegar 5 minutos mais tarde em casa. O ônibus que eu perdi acabou de sair do terminal. É, 5 minutos. Lembro agora do filme. Bob Dylan era um cara legal, mas não o bastante. O cobrador chato (mas hoje nem tanto) desceu do ônibus para fazer algo e eu só escuto o motorista tilintando moedas. Tenho certeza que vi um cara de uns 50 anos entrando no ônibus logo que chegou no terminal. Não o vejo mais aqui dentro. Não tem anda para se olhar aqui, parada a não ser portas fechadas, o sinal vermelho (que acabou de abrir) lá na frente e o letreiro luminoso de um banco. Ah, o cara de 50 anos está dentro do ônibus, eu não estava louca. Ele apenas sentou bem no fundo.
Eu sabia que hoje ia ser um dia que me daria o que escrever, sabia. Repito. O motorista ligou o ônibus, passaram-se os 5 minutos. Cadê o cobrador? Chegou. Volto a ver uma cidade bonita. Macabra, mas bonita. Miserável, mas bonita. Tentadora, mas bonita. Vejo mais luzes amarelas. O onibus dá a volta e agora passo pela ponte novamente, com as lindas luzes amarelas, só que no sentido contrário. Eu realmente gostei dessas luzes amarelas. Pessoas paradas. E lembro de uma pessoa agora. Prefiro não citar nomes. Acho que ela provoca em mim essa sensação de liberdade que sinto agora na cidade. O onibus já começa a encher e já escuto vozes. São 19:10, mas tá com cara de 9:47. É o feriado. Menos gente na rua. Na verdade o feriado mata a cidade, mas causa essa liberdade indescritível. Passo por outra ponte tambem de luzes amarelas. Mas os poste são feios, altos demais. Onde estão as luzes amarelas? Aquelas dos postes baixos com globos de vidro? A cada metro da cidade deveria ter um poste gracioso de luz amarela. Estou com fome. Fome de luzes amarelas.