"Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?'' cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. (...) Essa moça nao sabia que ela era o que era, assim como cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz A única coisa que queria era viver. Quem sabe achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era. Antes de nascer ela era uma idéia? Antes de nascer ela era morta? E depois de nascer ela ia morrer?" Clarice Lispector
Foi desperdiçando o período de mais de um ano que me tornei incompleta. "Quem sou eu?" foi a pergunta que fiz demais achando que assim iria crescer. E cresci. Mas quem disse que crescer é sinônimo de ser feliz? A quinze meses atrás as coisas eram diferentes. Eu era diferente. A quinze meses atrás tudo era mais simples aos meus olhos, que respondiam apenas "sim" ou "não" conforme a vontade. Meus olhos não pensavam. Quinze meses se passaram, e nossa como cresci! As indagações me fizeram crescer assimetricamente. Hoje sou desigual e cheia de pontas, que me puxam para direções diferentes. As forças se anulam e me fazem continuar no mesmo lugar. No zero de minhas ações.
O ultimo ano foi indiferente, e se estendeu até agora. Não fui às festas. Não me embebedei. Não me intupi de cigarros. Não conheci mil pessoas, porém, me envolvi com todas que conheci, e perdi muito tempo. Perder tempo? Já perdi todos os meus dias mesmo. Não procurei dormir cedo e bem todas as noites. Não fui uma boa aluna. Não estudei, nem li livro algum. Não me arrependi dos meus pecados. Cometi mais deles. Em um ano e três meses não fui a melhor amiga, nem a pior inimiga. Não fui desinteressada, nem esforçada. Não fui desgosto, nem orgunho. Nem castidade, nem luxúria. Não condenei, nem perdoei. Não fui nada. O "Quem sou eu?" não me deixava ser nada. Precisava descobrir, antes de ser alguma coisa.
Mais de um ano se passou e continuo sem saber e sem ser. Agora minha cabeça dói, meus dedos ardem. Acabei com o que restava de minhas unhas. E minha alma arde e dói junto com tudo isso. Mesmo assim continuo. Continuo sabendo e não sendo absolutamente nada.
Foi desperdiçando o período de mais de um ano que me tornei incompleta. "Quem sou eu?" foi a pergunta que fiz demais achando que assim iria crescer. E cresci. Mas quem disse que crescer é sinônimo de ser feliz? A quinze meses atrás as coisas eram diferentes. Eu era diferente. A quinze meses atrás tudo era mais simples aos meus olhos, que respondiam apenas "sim" ou "não" conforme a vontade. Meus olhos não pensavam. Quinze meses se passaram, e nossa como cresci! As indagações me fizeram crescer assimetricamente. Hoje sou desigual e cheia de pontas, que me puxam para direções diferentes. As forças se anulam e me fazem continuar no mesmo lugar. No zero de minhas ações.
O ultimo ano foi indiferente, e se estendeu até agora. Não fui às festas. Não me embebedei. Não me intupi de cigarros. Não conheci mil pessoas, porém, me envolvi com todas que conheci, e perdi muito tempo. Perder tempo? Já perdi todos os meus dias mesmo. Não procurei dormir cedo e bem todas as noites. Não fui uma boa aluna. Não estudei, nem li livro algum. Não me arrependi dos meus pecados. Cometi mais deles. Em um ano e três meses não fui a melhor amiga, nem a pior inimiga. Não fui desinteressada, nem esforçada. Não fui desgosto, nem orgunho. Nem castidade, nem luxúria. Não condenei, nem perdoei. Não fui nada. O "Quem sou eu?" não me deixava ser nada. Precisava descobrir, antes de ser alguma coisa.
Mais de um ano se passou e continuo sem saber e sem ser. Agora minha cabeça dói, meus dedos ardem. Acabei com o que restava de minhas unhas. E minha alma arde e dói junto com tudo isso. Mesmo assim continuo. Continuo sabendo e não sendo absolutamente nada.