quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?'' cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. (...) Essa moça nao sabia que ela era o que era, assim como cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz A única coisa que queria era viver. Quem sabe achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era. Antes de nascer ela era uma idéia? Antes de nascer ela era morta? E depois de nascer ela ia morrer?" Clarice Lispector

Foi desperdiçando o período de mais de um ano que me tornei incompleta. "Quem sou eu?" foi a pergunta que fiz demais achando que assim iria crescer. E cresci. Mas quem disse que crescer é sinônimo de ser feliz? A quinze meses atrás as coisas eram diferentes. Eu era diferente. A quinze meses atrás tudo era mais simples aos meus olhos, que respondiam apenas "sim" ou "não" conforme a vontade. Meus olhos não pensavam. Quinze meses se passaram, e nossa como cresci! As indagações me fizeram crescer assimetricamente. Hoje sou desigual e cheia de pontas, que me puxam para direções diferentes. As forças se anulam e me fazem continuar no mesmo lugar. No zero de minhas ações.

O ultimo ano foi indiferente, e se estendeu até agora. Não fui às festas. Não me embebedei. Não me intupi de cigarros. Não conheci mil pessoas, porém, me envolvi com todas que conheci, e perdi muito tempo. Perder tempo? Já perdi todos os meus dias mesmo. Não procurei dormir cedo e bem todas as noites. Não fui uma boa aluna. Não estudei, nem li livro algum. Não me arrependi dos meus pecados. Cometi mais deles. Em um ano e três meses não fui a melhor amiga, nem a pior inimiga. Não fui desinteressada, nem esforçada. Não fui desgosto, nem orgunho. Nem castidade, nem luxúria. Não condenei, nem perdoei. Não fui nada. O "Quem sou eu?" não me deixava ser nada. Precisava descobrir, antes de ser alguma coisa.

Mais de um ano se passou e continuo sem saber e sem ser. Agora minha cabeça dói, meus dedos ardem. Acabei com o que restava de minhas unhas. E minha alma arde e dói junto com tudo isso. Mesmo assim continuo. Continuo sabendo e não sendo absolutamente nada.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Muda-danças

Bem, não sei quem conhece ou não o MBTI por aqui. Segunto ele, sou do grupo psicológico dos INFP's. O grupo mais "bobo" e idealista, como todos os outros NF's.

Existem duas formas de pensar sobre o comportamento das outras pessoas, do ser humano. Vou fazer das palavras d'um amigo, as minhas:
NF: por que as pessoas não são assim?
NT: as pessoas não são assimm, ok, o que eu faço agora?

Pois é. Sou uma pobre NF, que tenta mudar o mundo! Tá, eu nao tento, mas ah, como queria. Para começar, tenho uma auto-critica insuportável, e parece que não me acostumo as outras pessoas. Não facilmente. Como podem ser tão insensiveis!? Tão cegas!? Bem, não sei. Apenas sei que não é o certo para minhas convicções.

Quantas noites! Ah, quantas noites perdi o sono, apenas para pensar na cegueira da humanidade. No padrão dela. Padrão errado, e que não estou. Não me acostumo, não me adapto. Tento salvar poucas pessoas. Pessoas que talvez pensem da mesma forma que eu. Ou, que pelo menos aceitem minha forma de pensar.

Mas ah, como tem graça! No fundo, eu nao quero me adaptar realmente. Nem adaptar as pessoas. Quero mesmo é desperdiçar meus tempos com idealizações bobas. E como me delicio. E ah, como perco horas com isso, e como sou uma sonhadora, de fato.

No fundo é isso. No fundo, todos nao gostam de nada, a não ser de si mesmos. A humanidade que quero, nao é a mesma que queres, nem mesmo é a que é! Ninguém agrada ninguém, apenas a si próprio. Para quê mudar, se podemos tentar mudar os outros? E se ao mesmo tempo, mudamos por influencia alheia?

E o mundo muda, as pessoas mudam, tudo muda. Muda. Dança.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

E sentiu o seu abraço, seu afago. O sentiu perto de si, por mais irreal que isso pudesse parecer. Pôde olhar em seus olhos, pôde sentir seu cheiro e sentir sua respiração, tudo de uma forma mágica. Abraçou-o mais forte, seu espírito não queria sair dalí. Aquele abraço era o descanso que sua alma procurou por tanto tempo, cansada e quase dando-se por vencida. Lhe deu um beijo morno, como devia ser, mantendo suas mãos dentro das dele.

Não sabe quanto tempo passaram ali, apenas de frente um para o outro, apenas sendo abraçados pela brisa, apenas no silêncio, apenas sentindo. Não havia mais ninguém por perto, não havia mais nada, não havia nem ao menos frio. O silêncio foi quebrado por um sorriso. Sorriu e logo foi retribuida. E embora não emitissem som algum, seus sorrisos mantiam um continuo diálogo. Diálogo de amantes.

- Te dou essa chance. Chance de pedir-me que fique ao seu lado. Pode pedri-me que te ame para sempre. E para sempre me farei apenas teu.

Hesitou. Não podia pedir nada. O segredo todo estava ali: a liberdade. Poderiam ser amantes, e poderiam amar outras pessoas, mas sempre seriam amantes, sempre retornaríam e sempre estariam juntos quando para um dos dois fosse preciso. Não poderia acabar com tudo aquilo, não era justo. E tinha medo de tudo o que havia passado se repetisse, mesmo ele não sendo o mesmo, nem ela, nem as circustancias. E a distância. Ah, a distância. Ser dele e ele ser seu, mas com distância. Antes fosse livre, antes transformasse essas horas em momentos para serem lembrados, não em obrigação.

Não respondeu. E a reação dele foi a esperada. Não a entendeu. Nesse aspecto, não conseguia. Tentou sorrir mesmo assim. Logo não se lembrava mais. Não precisava entender, apenas aceitar. E aceitou por ela. E ela se sentiu amada.