domingo, 21 de junho de 2009

Eu tenho cara de menina boazinha sabe? Cara de gente gentil, que gosta de conversa e que é bem educada. Pelo menos essa é a explicação mais provável para o fato de que periodicamente alguma pessoa estranha, na rua ou no ônibus acabe gostando dessa minha cara tola e venha a puxar um assunto qualquer. Essa semana foi um senhor. Um idoso, na verdade. Ele me contou a triste história da vida dele. Casou novo, teve dois filhos. Os filhos casaram e foram embora, para muito longe. Ele viveu mais alguns felizes anos com sua mulher. Ele a amava muito. Muito. Um dia a mulher dele, tão amada, morreu. E ele se afundou em tristeza. Ele não sabia ao certo o que fazer, ele só sentia que precisava sair daquela casa na qual viveu todos esses anos com sua mulher. Lembranças demais, sabe? Vendeu a casa a um preço ridículo, muito menos do que valia e foi procurar algum canto. Ele não tinha - e ainda não tem - irmãos próximos, nem mesmo os filhos, todos moram em outro estado, em outra cidade ou algo do tipo. Bem, ele ficou sozinho. Então, ele pensou que tinha achado a solução para sua tristeza, casa nova, vida nova. Mas aí ele viu que não era bem assim, agora era a falta de lembranças que o atormentavam. Ele se sentia num ambiente estranho constantemente. Isso foi mais ou menos na época em que morreu alguma cunhada dele lá em Maceió, e ele aproveitou a viagem para tentar se instalar por lá mesmo. Não deu certo. Enfim, ele voltou para o mesmo bairro onde está a casa an qual ele morou com sua mulher e filhos e comprou uma casa pelas redondezas. Por fim, ele me disse que passa quase todos os dias pela frente da antiga casa e sente um aperto no coração. Ele disse que a casa agora está morta, vazia.

terça-feira, 16 de junho de 2009

proctista

- Hoje me senti um proctista.
- Por que?
- Meu professor de biologia disse que normalmente as espécies deste reino são aquelas que não se encaixaram em nenhum outro reino, um reino só para os restos, os excluídos.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

- E aí, Mayara, vamos fazer sua festa de aniversário? Posso ir ligando para suas primas, suas tias e já ir combinando tudo?
- Ah, não sei. Festas de aniversário me deixam constrangida.
- Mas que constrangida que nada! Não é grande festa, não. Pouca gente vai ser chamada.
- Não gosto de ser o centro das atenções, sei lá.