sexta-feira, 28 de agosto de 2009

delírio

Sol forte. Nem está tão quente assim, mas bastante claro. O dia estava tão claro que chega doía nos olhos. Daqueles dias amarelos, bonitos, mesmo assim. Dia claro e eu de chinelo e jeans velho andando pela rua. Uma bolsa velha e uma blusa velha também. Tem dias que só me visto em trapos, e bem, esses dias são os que me sinto melhor. Continuando, lá estava eu, cheia de energia num dia amarelo. Foi nessa hora que percebi: eu estava viva. Eu estava linda e viva andando por aquelas ruas vazias. O sol a me seguir e só. Só eu, o sol, os trapos e a vida. Logo depois disso, percebi que saber que se está vivo pode ser uma assustadora experiência. Eu senti meu ossos, meus músculos trabalhando para me locomover, eu senti minha respiração. E quanto mais viva me sentia, mais sentia a morte também. A morte andava lado a lado à minha vivacidade toda. Eu estava por um fio. Senti meu coração bater, a minha temperatura aumentar, senti o chão no qual eu pisava e tudo a minha volta. Agora minha vida começava a se misturar com o ambiente. Minha vida, minha morte, minhas confusões. Tudo estava alí, derretendo e se misturando à rua, até formar uma pasta cor neon que eu não acreditava ser real. E não era. Do nada tudo voltou ao normal e eu não me senti nem viva, nem morta. Eu não sentia mais o sol nem meus ossos. Eu não sentia mais nada. Voltei ao estado normal.