quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Luzes da cidade

Vista de longe até que não parece tão má assim. - Foi o que pensou logo que começou a caminhar dentro da noite fria, porém, está enganado quem pensa que o frio é incômodo, muito pelo contrário. Está indo embora e desta vez, definitivamente. Chega do calor e aconchego da cidade, das pessoas próximas demais e ao mesmo tempo, chega do frio e desamparo, das pessoas distantes demais. Ele não sabe explicar tamanho contraste, pensa tanto que ao mesmo tempo não pensa nada. Só caminha pela beira da rodovia, melhor não aprofundar demais nenhum pnsamento. Deve ser umas 5:30 da tarde, o céu quase escuro dá realce as primeiras luzes aparentes de qualquer lugar. Qualquer lugar como qualquer poste que ilumina qualquer bêbado mendigo que dorme pelo chão. Talvez a luz vinda um apartamento qualquer onde se reúne uma família qualquer para que se inicie a janta. Talvez luz vinda de uma casa qualquer onde more uma viúva solitária qualquer que nao goste de escuro. Luzes em toda parte da cidade.

Cada vez mais perto, cada vez mais longe. De fato, a cidade fora sua tormenta durante muito tempo. De fato, ele vai sentir falta das pessoas próximas e distantes demais e pode ser que até pense em voltar durante a viagem. Talvez ele já queira voltar, só que ninguém sabe. Nem mesmo ele. Apenas caminha sem rumo pré-definido e sem pressa alguma. As luzes da cidade cada vez mais bonitas. E ele caminha. As luzes da cidade cada vez mais fortes. Sem pressa. As luzes da cidade a persegui-lo. Acende um cigarro segue seu caminho. Esquece as luzes.

Um comentário:

"Eu ia embora de mim: isso era tudo. Eu ia embora de mim sem saber de onde vinha nem para onde iria..."
Caio Fernando de Abreu