domingo, 23 de novembro de 2008

Crônicas de Neon City (Introdução e Primeiro Capítulo)

Mayara: Esse texto foi escrito em parceria com uma amiga, Sab. Foi uma idéia (mais dela do que minha) de usar álters imaginários nossos em uma cidade fictícia, criada por um amigo nosso, para mostrar nossa visão de mundo. Neon City serve para mostrarmos pedaços de cotidiano, um pouco fantasioso, claro, mas que acontece todos os dias em qualquer cidade de qualquer lugar do mundo.

Sabrina: Hoje, agora à noite, eu e Mayara decidimos criar as "Crônicas de Neon City". Pequenas observações e diálogos que acontecem entre nossas outras personalidades (criadas exclusivamente para essas histórias).
Observações e avaliações sobre ambientes, pessoas. Duas pessoas relatando o mesmo local sob pontos de vistas parecidos, mas sutilmente diferentes. Diálogos sobre o comportamento, sobre quem são (realmente) as pessoas. E o que elas escondem de todos.

Sabrina (Sab) = cinza

Mayara (May) = vinho


Primeiro capítulo:

Neon City


Visão da Sab:
Acho que só podia considerar a cidade como "neon" no período da noite, quando todos os letreiros existentes brilhavam. Durante o dia... Bem, a cidade não podia ser chamada assim. Prédios cinzas, ruas escuras, neblina quase permanente. Pessoas degeneradas, destruídas pela impureza do local.

Visão da May:
O único transporte eficaz nessa cidade de neons é o metrô. Descer escadas em dias frios para apanhá-los é um hábito comum para todos os cidadãos. Luzes amareladas e um tanto fracas formam penumbras com as formas das pessoas. Algumas sentam e lêem o jornal, desinteressadas pelas notícias sempre iguais.

O Quarto

Visão da May:
Era apenas um cubículo sem muitos atrativos. As paredes eram cobertas por um papel de parede cinza e velho. A decoração chegava a ser um tanto de mal gosto. Algumas infiltrações no teto, nada demais. Uma cama de solteiro com colchão duro. Duas cadeiras de camurça desbotada perto da única janela.

Visão da Sab:
Pequeno demais, chegava a ser claustrofóbico. Mas era o ideal para os moradores daquela cidade. Talvez não ideal... Mas o suficiente. A fechadura da porta não mais funcionava. Poucos móveis, mas o suficiente para deixar o local sem espaço. O ar parecia não entrar naquele local, fazendo com que se tornasse abafado e difícil de respirar, mesmo com a janela aberta. O estado das paredes e do teto não era dos melhores, o que significava que o dono daquele hotel não costumava receber hóspedes.

- Que lugar de merda.
- Você nunca me conta algo que eu não possa ter percebido...
- Ah, chega desses comentários ácidos. Que cara é essa?
- A de sempre... Mas o que afinal viemos fazer aqui? - indo em direção à janela.
- Você não queria respirar novos ares? Foi nisso que deu. - acende um cigarro - Quer um?
- Exatamente. Eu disse que queria RESPIRAR. A poluição dessa cidade é o suficiente para matar qualquer um. E não, obrigada.
- Ah, agora não podemos fazer mais nada. O único dinheiro que nos restava, gastamos com a hospedagem nessa joça. Como conseguiremos mais?
- Je ne sais pas...
- Cara, talvez eu consiga algo. Mas só para amanhã.
- Algo?
- É, Grana. Aquele tal do San ainda me deve algumas coisas. Ouvi rumores que ele também está em Neon City.
- Ah. É tão difícil falar as coisas de um modo que eu entenda? - abre a janela.
- Isso não importa. É coisa minha e dele, só. - senta na cama.
- Caso de um passado longínquo...? - murmurando para si mesma - Bem... Acho melhor você dar um jeito mesmo... Sinceramente, o ar daqui é carregado. Quanto antes sairmos daqui, melhor.
- Você sabe que eu sempre dou um jeito. - levanta - Quer dar uma volta?
- Bem, é melhor. Esse local é terrivelmente abafado. Quando vínhamos para esse... hotel, eu vi um coffee shop. É perto, mais ou menos uns 600 metros. Que achas?
- Ótimo.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Copiando a introdução que eu fiz hein, safadjeeenha XDDD
    Sem problemas. E que venham mais dias frios e tristes em Neon City.

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"Eu ia embora de mim: isso era tudo. Eu ia embora de mim sem saber de onde vinha nem para onde iria..."
Caio Fernando de Abreu