sábado, 15 de novembro de 2008

Agente sempre acaba se acostumando. Nos acostumamos ao vizinho chato, ao professor exigente, ao irmão irritante, as festinhas de aniversário ridículas, aos comentários idiotas, ao engarrafamento, a roupa apertada, enfim, a essa vidinha de merda que o mundo nos proporciona. Engraçado que quando saio na rua tenho nojo de tudo o que vejo. Nojo da farmácia, da estrada, da garçonete, do casal apaixonado, do cobrador de ônibus, dos sapatos engraxados, do caixa eletrônico, dos pneus dos carros e das crianças agarradas às suas mães. É como uma forma de estranhamento que me causa um asco incontrolável. Chego a ter nojo de mim mesma e querer simplesmente sair da minha própria pele. Gostaria de tirar umas férias numa outra dimensão. No vazio total onde nada tivesse cor, muito menos forma. Como podem simplesmente sairem pelas ruas como se nada acontecesse? Como pode toda essa sujeira ser ignorada? Como pode ninguém mais sentir esse nojo, assim como eu? Esse nojo dos elementos diários, de palavras gritadas, de pessoas ao dormir, de cães a ladrar, do atendente da loja, da fumaça a poluir os ares, do senhor calvo, da jovem estudante, do relógio de pulso, do tempo que não passa, do semáforo de três cores, do carro popular, do colega de classe que senta ao lado, da revista de atualidades, do calor que o verão causa, da caneta com a qual escrevo. O dia 'tá acabando e amanhã é tudo de novo. Amanhã será um dia de fazer nojo.

6 comentários:

  1. ...
    -A realidade é mera continuidade nossa, tentemos reiventá-la pois. É o que me resta, tentar transformar este nojo diário que também sinto, em algo ao menos, sem sabor, e às vezes, até em algo saboroso.

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  2. Às vezes é preciso encarar o asco e refazê-lo!
    Arregaçar as mangas e recomeçar!

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  3. Te entendo há dias que dá vontade de cuspir em tudo e a todos...

    Mas isso passa é só enchergar as coisas diferentes...
    To lendo a insustentável leveza do ser pela 2 vez.

    Tem uma coisa legal que fala no livro que é um seguinte.

    hÁ dois tipos de pessoas, as leves e as pesadas.
    as pesadas são aquelas que estao muito ligada a terra, (esse é teu caso). Já as mais leves, se elevam e vivem mais traquilas e em meditação, são pessoas mais serenas.
    Toma cuidado com rotina, isso acaba a gente de pouco a pouco.

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  4. Entra em contato comigo, e eu te conto um segredo...

    msn: cg.rafa@ig.com.br

    Beiiiijos

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  5. Isso tudo, querendo ou não faz parte de nós, a infuência disso em nós é notória.

    'o inferno são os outros'
    (sartre)

    beijo's

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  6. Cara, quantos amiguinhos cults cê tem! 8D *apanha de todo mundo*
    Ok, gallëre, tô de brinks.


    Ah, bem, eu li o texto e talz, mas não tenho capacidade (no momento) de dissertar sobre ele @_@~

    Sorry, mayzinha, te amo ;*

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"Eu ia embora de mim: isso era tudo. Eu ia embora de mim sem saber de onde vinha nem para onde iria..."
Caio Fernando de Abreu