domingo, 22 de fevereiro de 2009

Chorar desesperadamente no ombro de algum conhecido e não ser incomodada com perguntas. Chorar uns vinte minutos e depois falar qualquer coisa que justifique tal ato, atravessada por soluços. Uma pessoa descartável a qual pudesse contar tudo e depois simplesmente jogá-la no lixo. Só queria desabafar mesmo. Contar todos os segredos incontáveis e todos os vexames constrangedores. E eu ainda pago uma pessoa para me ouvir alguns minutos toda semana. Acho que sou tola o suficiente para isso e para tentar criar algum laço de confiabilidade (na verdade, eu esqueci a palavra certa) que não vai chegar. Ao mesmo tempo é estranho pensar que se é uma ilha e que não se deve secar essa água toda que nos mantém separados. Contato é algo perigoso, acredite. Eu não sou feliz e nem infeliz com isso. É só uma questão de cuidado e preucação. Cumplicidade (sim, essa era a palavra) só me faz sentir mais água entre esse espaço de terra seca que nos separa. Não entre nós, não é nada pessoal. Mas entre os outros. Para mim, quanto mais distante, mais distante as quero, mais distante se torna. Sei lá, ciclo vicioso, sabe? Quando mais eu tiro a água, mais água aparece, aliás, isso faz até sentido para mim, que tenho uma idéia de sentido muito incomum. Aliás, eu desisti do manual. Se você aprende algo e depois aprende essa mesma coisa novamente, só que incompleta, não que dizer que você vai esquecer daquilo que foi aprendido no ínicio e só omitido agora, não é? Você já aprendeu mais do que te ensinaram. Desculpa, mas acho que não estou sendo bastante clara. Nem quero ser. Mas ah, continuando, o manual que vá à merda! Agora eu quero alguma coisa mais eficaz. Alguma espécie de lobotomia. Isso, arranquem um pedaço do meu cérebro! Sei lá, lavagem cerebral, perda de memória induzida, enfim, qualquer coisa que pelo menos dê para o gasto. Matem-me e me façam reencarnar em algum outro corpo, pode ser que der certo, essa idéia de renascer sempre gostou de rodear minha cabeça, que por sinal, arde em dor agora. Vou procurar algo que faça isso passar.

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"Eu ia embora de mim: isso era tudo. Eu ia embora de mim sem saber de onde vinha nem para onde iria..."
Caio Fernando de Abreu